» Humor: Depilação – Luiz Fernando Veríssimo
Estava eu assistindo TV numa tarde de Domingo, naquele horário em que não se pode inventar nada o que fazer, pois no outro dia é segunda-feira, quando minha mulher deitou-se do meu lado e ficou brincando com minhas ‘partes’. Após alguns minutos ela veio com a ‘brilhante’ idéia: – Por que não depilamos seus ovinhos, assim eu poderia fazer ‘outras coisas’ com eles. Aquela frase foi igual um sino na minha cabeça. |
Por alguns segundos fiquei imaginando o que seriam ‘outras coisas’.
– Respondi que não, que doeria coisa e tal, mas ela veio com argumentos sobre as novas técnicas de depilação e eu, imaginando as ‘outras coisas’, não tive mais como negar. Concordei.
Ela me pediu que ficasse pelado enquanto buscaria os equipamentos necessários para tal feito. Fiquei olhando para TV, porém minha mente estava vagando pelas novas sensações que só despertei quando ouvi o beep do
microondas. Ela voltou ao quarto com um pote de cêra, uma espátula e alguns pedaços de plástico. Achei meio estranho aqueles equipamentos, mas ela estava com um ar de ‘dona da situação’ que deixaria qualquer médico urologista sentindo-se como residente. Fiquei tranqüilo e autorizei o restante do processo. Pediu para que eu ficasse numa posição de quase frango-assado e liberasse o acesso à zona do agrião. Pegou meus ovinhos como quem pega duas bolinhas de porcelana e começou a passar cêra morna. Achei aquela sensação maravilhosa! |
O Sr. Pinto já estava todo ‘pimpão’ como quem diz: ‘sou o próximo da fila’!
Pelo início, fiquei imaginando quais seriam as ‘outras coisas’ que viriam.
Após estarem completamente besuntados de cêra, ela embrulhou ambos no plástico com tanto cuidado que eu achei que iria levá-los para viagem.
Fiquei imaginando onde ela teria aprendido essa técnica de prazer: na Thailândia, na China ou pela Internet mesmo?
Porém, alguns segundos depois ela esticou o saquinho para um lado e deu um puxão repentino.. Todas as novas sensações foram trocadas por um sonoro PUUUUTA QUEEEE ME PARIUUUUUUU quase falado letra por letra..
Olhei para o plástico para ver se o couro do meu saco não tinha ficado grudado.
Ela disse que ainda restavam alguns pelinhos, e que precisava passar de novo.
Respondi prontamente: – Se depender de mim eles vão ficar aí para a eternidade!!
Segurei o Dr. Esquerdo e o Dr. Direito com as duas mãos, como quem segura os últimos ovos da mais bela ave amazônica em extinção, e fui para o banheiro.
Sentia o coração bater nos ovos.
Abri o chuveiro e foi a primeira vez que eu molhei o saco antes de molhar a cabeça.
Passei alguns minutos só deixando a água gelada escorrer pelo meu corpo.
Saí do banho, mas nesses momentos de dor qualquer homem vira um bebezinho novo: faz merda atrás de merda. Peguei meu gel pós-barba com camomila ‘que acalma a pele’, enchi as mãos e passei nos ovos.
Foi como se estivesse passado molho de pimenta. Sentei no bidê na posição de ‘lava xereca’ e deixei o chuveirinho acalmar os Dois.
Peguei a toalha de rosto e fiquei abanando os ovos como quem abana um boxeador no 10° round.
Olhei para meu pinto. Ele, coitado, tão alegrinho minutos atrás, estava tão pequeno que mais parecia irmão gêmeo de meu umbigo.
Nesse momento minha mulher bate à porta do banheiro e pergunta se estava passando bem.
Aquela voz antes tão aveludada e sedutora ficou igual uma gralha.
Saí do banheiro e voltei para o quarto. Ela estava argumentado que os pentelhos tinham saído pelas raízes, que demorariam voltar a nascer.
‘Pela espessura da pele do meu saco, aqui não nasce nem penugem, meus ovos vão ficar que nem os das codornas’, respondi.
Ela pediu para olhar como estavam. Eu falei para olhar a meio metro de distância e sem tocar em nada e se ficar rindo vai entrar na PORRADA!!
Vesti a camiseta e fui dormir (somente de camiseta).
Naquele momento sexo para mim, nem para perpetuar a espécie humana.
No outro dia pela manhã fui me arrumar para ir trabalhar. Os ovos estavam mais calmos, porém mais vermelhos que tomates maduros.
Foi estranho sentir o vento bater em lugares nunca antes visitados.
Tentei colocar a cueca, mas nada feito. Procurei alguma cueca de veludo e nada.
Vesti a calça mais folgada que achei no armário e fui trabalhar sem cueca mesmo.
Entrei na minha seção andando igual um cowboy cagado.
Falei bom dia para todos, mas sem olhar nos olhos. E passei o dia inteiro trabalhando em pé com receio de encostar os tomates maduros
em qualquer superfície.
Resultado, certas coisas devem ser feitas somente pelas mulheres.
Não adianta tentar misturar os universos masculino e feminino.
Ainda dói.
Texto de Luiz Fernando Veríssimo
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